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Capixabas evangélicos: dados do Censo 2022 acendem alerta político nas urnas

Capixabas evangélicos: dados do Censo 2022 acendem alerta político nas urnas
  • Publicadojunho 6, 2025

O Espírito Santo é evangélico e a política precisa reconhecer isso

Com base nos dados divulgados pelo IBGE e reportagem do G1 (link), os evangélicos já representam 26,9% da população brasileira – a maior proporção da história do país. E no Espírito Santo, esse movimento já é maioria em municípios estratégicos, o que deve provocar ajustes imediatos nas estratégias eleitorais.


Santa Maria de Jetibá (ES): capital evangélica do Brasil

A pequena Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo, lidera o ranking nacional de presença evangélica, com 73,53% da população declaradamente ligada a igrejas evangélicas. É o maior índice entre todos os municípios brasileiros.

Relevância política:
Num cenário municipal, onde as eleições são decididas por bases eleitorais locais e fidelizadas, essa maioria evangélica tende a influenciar não só os temas de campanha, mas os perfis dos candidatos. A pauta conservadora, o apoio institucional de igrejas e a linguagem religiosa são chaves eleitorais locais.


Laranja da Terra (ES): evangélicos também dominam

Logo atrás, Laranja da Terra apresenta 72,88% de evangélicos, com católicos representando menos de 25%. É o segundo município mais evangélico do país, consolidando o Espírito Santo como estado-símbolo da mudança religiosa.

Impacto nas urnas:
Candidatos com vínculos públicos com igrejas, lideranças evangélicas ou valores religiosos tendem a ter ampla vantagem. Aqui, neutralidade religiosa pode significar distanciamento do eleitorado majoritário.


Serra (ES): peso evangélico na maior cidade capixaba

Serra, maior cidade do Espírito Santo, com quase 600 mil habitantes, registra 40,11% de evangélicos, superando os católicos (35,67%) pela primeira vez. Além disso, mais de 15% da população se declara sem religião – outro dado relevante para campanhas segmentadas.

Cenário político-eleitoral:
Em um município com peso decisivo em eleições estaduais e federais, ignorar a base evangélica é risco alto. Candidaturas alinhadas com valores religiosos, presença em igrejas e respaldo pastoral se tornam diferenciais estratégicos.


O triplo crescimento evangélico: dado-chave para marqueteiros

Em 30 anos, a proporção de evangélicos triplicou no Brasil, passando de 9% para 26,9%. Em muitos municípios, como os capixabas citados, o crescimento foi ainda mais acelerado, já superando a metade da população.

Para campanhas políticas, isso significa:

  • Necessidade de diálogo direto com lideranças religiosas;
  • Construção de pautas que respeitem e incorporem valores evangélicos (família, ética, liberdade religiosa);
  • Produção de conteúdo e linguagem adaptada a esse público;
  • Maior presença em espaços religiosos e eventos comunitários.

Ignorar os evangélicos é erro estratégico

Santa Maria de Jetibá e Laranja da Terra são exemplos extremos da força evangélica, enquanto a Serra mostra como esse fenômeno já molda grandes centros urbanos. Em ano pré-eleitoral, o IBGE oferece dados que redesenham o mapa político-religioso do Espírito Santo.

A juventude evangélica quer lugar na política — e já está ocupando

Há um elemento novo que merece atenção especial dos estrategistas: a juventude evangélica está se politizando rapidamente. Influenciados por pautas morais, discurso contra o “sistema político tradicional” e forte uso das redes sociais, eles estão indo além da militância: querem governar.

Dois nomes simbolizam esse movimento:

  • Nicolas Ferreira (PL-MG), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, é filho de pastor, jovem, articulador digital e idealizador de um movimento nacional de formação de lideranças políticas cristãs nas igrejas. Ele representa um novo modelo de político evangélico: conectado, combativo e com base consolidada no meio religioso.
  • André Fernandes (PL-CE), também filho de pastor, tem se destacado como principal voz de oposição ao grupo político do Ceará, tanto na capital quanto no governo estadual. Com discurso incisivo e retórica conservadora, mobiliza multidões jovens em torno da bandeira cristã.

Esses nomes provam que o tempo da passividade evangélica acabou. A nova geração não quer apenas apoiar candidatos, quer ser os candidatos.

Conclusão: o mapa da fé virou mapa eleitoral

Santa Maria de Jetibá, Laranja da Terra e Serra são três faces da mesma realidade: o Espírito Santo está no centro da revolução evangélica brasileira. Essa transformação não é apenas religiosa, mas política.

Em 2024, quem não falar com os evangélicos especialmente com os jovens não será ouvido pelas urnas. E quem tentar enfrentá-los, corre o risco de ser atropelado por um movimento que só cresce.


Written By
Genilton Martins

Nosso colunista, Ton Martins - Com 24 anos de experiência na condução de campanhas políticas bem-sucedidas, Ton Martins é um estrategista de comunicação que transforma ideias em votos e molda cenários eleitorais. Especialista em planejamento de comunicação, marketing político e gestão de crises, sua trajetória é marcada pela criação de mensagens persuasivas que não apenas informam, mas mobilizam e geram engajamento.

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