Capixabas evangélicos: dados do Censo 2022 acendem alerta político nas urnas

O Espírito Santo é evangélico e a política precisa reconhecer isso
Com base nos dados divulgados pelo IBGE e reportagem do G1 (link), os evangélicos já representam 26,9% da população brasileira – a maior proporção da história do país. E no Espírito Santo, esse movimento já é maioria em municípios estratégicos, o que deve provocar ajustes imediatos nas estratégias eleitorais.
Santa Maria de Jetibá (ES): capital evangélica do Brasil
A pequena Santa Maria de Jetibá, na região serrana do Espírito Santo, lidera o ranking nacional de presença evangélica, com 73,53% da população declaradamente ligada a igrejas evangélicas. É o maior índice entre todos os municípios brasileiros.
Relevância política:
Num cenário municipal, onde as eleições são decididas por bases eleitorais locais e fidelizadas, essa maioria evangélica tende a influenciar não só os temas de campanha, mas os perfis dos candidatos. A pauta conservadora, o apoio institucional de igrejas e a linguagem religiosa são chaves eleitorais locais.
Laranja da Terra (ES): evangélicos também dominam
Logo atrás, Laranja da Terra apresenta 72,88% de evangélicos, com católicos representando menos de 25%. É o segundo município mais evangélico do país, consolidando o Espírito Santo como estado-símbolo da mudança religiosa.
Impacto nas urnas:
Candidatos com vínculos públicos com igrejas, lideranças evangélicas ou valores religiosos tendem a ter ampla vantagem. Aqui, neutralidade religiosa pode significar distanciamento do eleitorado majoritário.
Serra (ES): peso evangélico na maior cidade capixaba
A Serra, maior cidade do Espírito Santo, com quase 600 mil habitantes, registra 40,11% de evangélicos, superando os católicos (35,67%) pela primeira vez. Além disso, mais de 15% da população se declara sem religião – outro dado relevante para campanhas segmentadas.
Cenário político-eleitoral:
Em um município com peso decisivo em eleições estaduais e federais, ignorar a base evangélica é risco alto. Candidaturas alinhadas com valores religiosos, presença em igrejas e respaldo pastoral se tornam diferenciais estratégicos.
O triplo crescimento evangélico: dado-chave para marqueteiros
Em 30 anos, a proporção de evangélicos triplicou no Brasil, passando de 9% para 26,9%. Em muitos municípios, como os capixabas citados, o crescimento foi ainda mais acelerado, já superando a metade da população.
Para campanhas políticas, isso significa:
- Necessidade de diálogo direto com lideranças religiosas;
- Construção de pautas que respeitem e incorporem valores evangélicos (família, ética, liberdade religiosa);
- Produção de conteúdo e linguagem adaptada a esse público;
- Maior presença em espaços religiosos e eventos comunitários.
Ignorar os evangélicos é erro estratégico
Santa Maria de Jetibá e Laranja da Terra são exemplos extremos da força evangélica, enquanto a Serra mostra como esse fenômeno já molda grandes centros urbanos. Em ano pré-eleitoral, o IBGE oferece dados que redesenham o mapa político-religioso do Espírito Santo.
A juventude evangélica quer lugar na política — e já está ocupando
Há um elemento novo que merece atenção especial dos estrategistas: a juventude evangélica está se politizando rapidamente. Influenciados por pautas morais, discurso contra o “sistema político tradicional” e forte uso das redes sociais, eles estão indo além da militância: querem governar.
Dois nomes simbolizam esse movimento:
- Nicolas Ferreira (PL-MG), deputado federal mais votado do Brasil em 2022, é filho de pastor, jovem, articulador digital e idealizador de um movimento nacional de formação de lideranças políticas cristãs nas igrejas. Ele representa um novo modelo de político evangélico: conectado, combativo e com base consolidada no meio religioso.
- André Fernandes (PL-CE), também filho de pastor, tem se destacado como principal voz de oposição ao grupo político do Ceará, tanto na capital quanto no governo estadual. Com discurso incisivo e retórica conservadora, mobiliza multidões jovens em torno da bandeira cristã.
Esses nomes provam que o tempo da passividade evangélica acabou. A nova geração não quer apenas apoiar candidatos, quer ser os candidatos.
Conclusão: o mapa da fé virou mapa eleitoral
Santa Maria de Jetibá, Laranja da Terra e Serra são três faces da mesma realidade: o Espírito Santo está no centro da revolução evangélica brasileira. Essa transformação não é apenas religiosa, mas política.
Em 2024, quem não falar com os evangélicos especialmente com os jovens não será ouvido pelas urnas. E quem tentar enfrentá-los, corre o risco de ser atropelado por um movimento que só cresce.