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Céu da semana traz conjunções, “sumiço” de planeta e mudanças de rota

  • Publisheddezembro 1, 2024

Dezembro começa com uma semana bem agitada para os astros do Sistema Solar. Logo de cara, a Lua tem dois encontros “calientes”: primeiro com o Sol (mais caloroso, impossível), depois com Vênus (nosso vizinho mais quente). Outro destaque é o “desaparecimento” de Mercúrio do céu noturno. Júpiter também tem seu momento de glória, surgindo maior e mais brilhante no firmamento. Encerrando os trabalhos, os planetas Marte e Netuno mudam de “direção”.

Ficou confuso? Vamos entender:

  • Na segunda-feira (2), a Lua atinge o periélio (ponto de sua órbita mais próximo do Sol);
  • Em seguida, na quarta (4), ela faz conjunção com Vênus;
  • Mercúrio já está “sumido” do céu noturno há alguns dias, devido à proximidade da conjunção solar inferior, que acontece na quinta-feira (5);
  • Na manhã de sexta (6), Júpiter estará no perigeu (ponto mais próximo da Terra), aparecendo maior e mais brilhante no céu;
  • À noite, é a vez de Marte entrar em cena, começando o “movimento retrógrado”;
  • No sábado (7), Netuno faz o contrário, deixando de ficar retrógrado.
Semana começa com a Lua mais próxima do Sol. Crédito: Juergen Faelchle – Shutterstock

Ainda está complicado? Então, acompanhe a explicação mais detalhada abaixo, descobrindo cada passo da “dança cósmica” no palco celeste desta semana.

Lua “se aproxima” do Sol e de Vênus 

Dando início à sua “turnê mensal” de dezembro pelos planetas do Sistema Solar, a Lua vai passar por Vênus na noite de quarta-feira (4), aparecendo bem pertinho dele no céu em um fenômeno conhecido como conjunção astronômica, por volta das 19h40 (pelo horário de Brasília).

Antes, no entanto, ela atinge o periélio, que é o ponto de sua órbita mais próximo do Sol. De acordo com o guia de observação astronômica InTheSky.org, isso vai acontecer às 9h28 da manhã de segunda (2), quando a Lua estará a 0,9833 unidades astronômicas (UA) da nossa estrela hospedeira – algo em torno de 147,5 milhões de km.

Configuração do céu no momento da conjunção entre a Lua e Vênus nesta quarta-feira (4), pouco depois do periélio. Crédito: SolarSystemScope

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Planeta está desaparecido no céu noturno

Na quinta-feira (5), às 23h15, Mercúrio iniciará uma fase que os astrônomos chamam de “conjunção solar inferior”, passando entre a Terra e o Sol e ficando totalmente inobservável por várias semanas enquanto se perde no brilho da nossa estrela (na verdade, alguns dias antes, ele já não é mais visto).

Segundo a plataforma In-The-Sky.org, isso acontece uma vez em cada ciclo sinódico do planeta, que é o período necessário para ele chegar à mesma posição em relação ao Sol, quando observado a partir da Terra – que no caso de Mercúrio é de 116 dias.

Na aproximação máxima com o Sol, Mercúrio vai estar em uma separação de apenas 1°23′ do astro, sumindo de vista por um longo período, enquanto estiver imerso no brilho solar. Essa fase marca o “desaparecimento” do planeta no céu noturno e sua transição para se tornar um objeto matinal nas próximas semanas.

Melhor momento para observar Júpiter

Em geral, a melhor época do ano para se observar um planeta é durante sua oposição, que é quando ele está do lado oposto do Sol em relação à Terra (que fica entre os dois corpos celestes). Isso vai acontecer com Júpiter no sábado (7), algumas horas depois que o gigante gasoso chegar ao ponto mais próximo do nosso planeta.

Júpiter atinge o chamado perigeu na sexta-feira (6), às 6h59. Na ocasião, a distância entre ele e a Terra será de 4,09 unidades astronômicas (UA) – o equivalente a mais ou menos 613,5 milhões de km!

Na oposição, Júpiter e suas quatro maiores luas podem ser facilmente observados. Crédito: Derek Demeter – APOD/NASA

Ou seja, se em condições normais, ele já é uma das maiores atrações do céu, a visão nesse dia tem tudo para ser ainda mais incrível. Com sorte, céu limpo e instrumentação adequada, é possível ver até mesmo as quatro maiores luas do nosso maior vizinho.

A face visível do planeta estará completamente iluminada pelo Sol, brilhando em uma magnitude de cerca de -2.8 (para efeito de comparação, Vênus brilha, em média, a -5, e a lua cheia a -13). 

Marte e Netuno invertem trânsito

Após Marte iniciar o chamado “movimento retrógrado” na noite desta sexta-feira (6), Netuno finalizará o seu no sábado (7).

Quando se diz que um planeta entrou em movimento retrógrado, isso significa que ele está começando um processo pelo qual seu trânsito normal para o leste através do céu noturno é interrompido, mudando a trajetória para oeste. Por sua vez, quando a direção habitual é retomada, costuma-se dizer que o planeta terminou o movimento retrógrado (ou saiu dele).

Composto de imagens espaçadas com cerca de 5 a 9 dias de diferença captadas em 2018, do fim de abril (inferior direito) até 5 de novembro (canto superior esquerdo), traça o movimento retrógrado de Marte, mostrando o “laço” que os planetas externos formam durante o movimento retrógrado. Crédito: NASA APOD/Tunc Tezel (TWAN)

Acontece que isso é apenas uma ilusão de ótica do ponto de vista da Terra. Nenhum planeta deixa de se movimentar em uma direção para mudar de sentido. 

De acordo com o guia de orientação astronômica In-The-Sky.org, a aparente inversão de direção do Planeta Vermelho começará às 20h32 (pelo horário de Brasília). Ele, então, retoma o sentido normal no dia 23 de fevereiro de 2025. Quase 24 horas mais tarde, Netuno, que ficou retrógrado em 16 de junho, volta a transitar para o leste.

O colunista do Olhar Digital Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), explica que a impressão de “movimento retrógrado” dos planetas é causada pelo curso da Terra em torno do Sol.

Animação ilustra o conceito de “movimento retrógrado” dos planetas. Crédito: In-The-Sky.org

Segundo Zurita, à medida que ela circunda o astro, nossa perspectiva muda, e isso faz com que as posições aparentes dos objetos celestes se alterem de um lado para o outro no céu, o que se sobrepõe ao movimento de longo prazo do planeta em direção ao leste através das constelações – conforme demonstra o gráfico animado acima.

No decorrer da semana, o Olhar Digital vai publicar matérias exclusivas e mais detalhadas sobre cada um desses eventos. Fique ligado!

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